sexta-feira, 22 de abril de 2022

Neurodiversidade e Fé

 


Olá meus queridos, 

Voltei a escrever e estou com "fome" disso! 

Muitas pessoas imaginam que pessoas neurodiversas não possuem crenças próprias pelo simples fato de sermos como somos. 

Não é assim que funciona. 

Óbvio que há casos onde a pessoa não consegue concatenar ideias mas, no geral, conseguimos ter nossas crenças, valores, opiniões.

Influências

Claro que recebemos informações do nosso meio, o tempo todo e é bem orgânico que acreditemos naquilo que nossa família acredita mas nem sempre. 
Em muitas religiões os transtornos neurológicos são vistos como atuação demoníaca, algo que precisa ser retirado, curado e etc. Nesses casos torna-se quase impossível adotar os valores da família, até porquê para termos conforto nos valemos do masking, o que nos cansa, nos sobrecarrega... 
Também podemos falar aqui da aceitação por grupo, identificação, acolhimento social e muitas vezes a pessoa neurodivergente adota o pensamento de manada a fim de se sentir mais confortável.
Já passei por isso. 
Sofri muito bullying na infância, adolescência, não tinha amigos e todas essas coisas que infelizmente nos são bem comuns. Passei pela Igreja Católica, por influência familiar e frequentei a igreja evangélica a fim de ter um grupo, ter amigos, sei lá.
Fiz algumas amizades mas o bullying foi muito maior e vindo de cima!
Sou das pessoas que questiono, amo a Ciência e não acredito em qualquer coisa. Bomba feita rs.
Me meti num curso de liderança e para zero surpresas minhas notas sempre foram as mais altas mas eu nunca passava de nível 

" Seu comportamento não é compatível com a palavra.

Aqui você traduz como "pergunta demais e acredita de menos" e sabem de uma coisa, é verdade. Nunca acreditei naqueles dogmas, nada disso mas queria ter meu aprendizado reconhecido, só um pouquinho. Não recebi empatia  ou compreensão por parte desse lugar e quando eu me sentia sobrecarregada, repetia estereotipias eu era exortada a "vigiar". 
Mas o que me fez sair mesmo foi outra coisa, o preconceito. 
Da mesma forma que eu não gostava de sofrer bullying eu não poderia aceitar que pessoas fossem julgadas por seus endereços e situação financeira. 
Acontece que essa igreja tinha duas unidades, uma ficava em um bairro humilde e a outra era a mais elegante, eu frequentava a mais elegante pois ficava perto da minha casa mas gostava da igreja do bairro humilde pois me tratavam melhor. 
E UM BELO DIA A LIDERANÇA FOI NA MINHA CASA ALERTAR MINHA FAMÍLIA SOBRE AS MÁS COMPANHIAS. 
Pois é. 
Pra mim foi a gota d'água e nunca mais pisei ali, também um alívio pois enquanto eu "acreditava" naquilo eu mentia para mim. Tirei uma lição disso, nenhum encaixe social vale a dor que sentimos quando mentimos para nós mesmos. 
O tempo passou, comecei a morar sozinha, algo que sempre quis, e comecei a praticar em casa o que fazia escondido: Neo Paganismo.
No meu caso foi onde me achei, onde encontrei as respostas e fui aceita como sou o que inclui meu quadro clínico. 
Então, se uma pessoa neurodiversa professar uma crença, por mais que não seja algo rotineiro leve a sério afinal para nós os caminhos são um pouco diferentes. 
Nós consideramos muitas coisas antes de crer, tanto que muitos de nós inclusive são ateus. Certamente se não estivermos num lugar de respeito genuíno podemos até frequentar mas nunca acreditar e outra coisa,  a imposição nos faz detestar.
Acredito que isso seja igual para neurotípicos também. 
Enfim, nossa fé é pautada no respeito e na individuialidade, seja aonde for. 






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